sábado, 17 de agosto de 2013

§ SOCIEDADES ESCRAVISTAS ( EXTRAÍDO DE PERRY ANDERSON)

Modo de Produção Escravo (Perry Anderson)

 

·        A Antiguidade greco-romana sempre se constituiu de um universo centralizado em cidades;

·        Traduzia um nível de organização e cultura urbanas que jamais seria igualado em outro milênio;

·        A riqueza material que sustentava a vitalidade intelectual e cívica dessas civilizações era extraída de forma esmagadora do campo;

·        A agricultura era o setor totalmente dominante na produção;

·        As Cidades-Estado greco-romanas eram conglomerados urbanos de proprietários de terras;

·        Os principais produtos básicos da agricultura eram o milho, o azeite e o vinho;

·        Na cidade as manufaturas eram poucas e rudimentares : tecidos, cerâmica, mobília e objetos de vidro;

·        O comércio interlocal só podia ser realizado por água, o meio de transporte mais rápido e barato;

·        O Mar Mediterrâneo, por suas águas calmas, se prestava perfeitamente para o transporte;

·        Foram as Cidades-Estado gregas que primeiro tornaram a escravidão absoluta na forma e dominante na extensão, transformando-a assim de sistema auxiliar em um modo sistemático de produção;

·        Mas a escravidão não era o modo de produção absoluto – convivia com outros modos - camponeses livres, rendeiros dependentes e os artesão urbanos;

·        A escravidão era o modo de produção dominante na Grécia Clássica (séc. V e IV a.C.)  e em Roma ( do séc. II a.C. ao séc. II d.C.);

·        Estima-se que a proporção entre escravos e cidadãos livres na Atenas de Péricles estava em torno de 3 : 2;

·        Na Grécia Clássica os escravos  foram empregados pela primeira vez na manufatura, na indústria e na agricultura, além da escala doméstica;

·        O uso generalizado da escravidão na Grécia transforma-a em termos absolutos : a sociedade grega passa a ser polarizada – de um lado há a perda completa de liberdade, de outro uma liberdade sem impedimentos;

·        A escravidão e a liberdade gregas eram indivisíveis : uma era a condição estrutural da outra;

·        Somente o trabalho escravo no campo poderia liberar uma classe de proprietários de terra tão radicalmente de suas raízes rurais de maneira a poder ser transmutada em uma cidadania essencialmente urbana sustentada pela riqueza extraída do solo;

·        A escravidão representava a mais radical degradação rural imaginável do trabalho – a conversão de seres humanos em meios inertes de produção, por sua privação de todo direito social e sua legal assimilação às bestas de carga;

·        Ao mesmo tempo, a escravidão era a mais drástica comercialização urbana concebível de trabalho : a total redução da individualidade do trabalhador a um objeto padronizado de compra e venda, nos mercados metropolitanos de comércio de mercadorias;

·        A destinação da maior parte do trabalho escravo na Antiguidade clássica era o trabalho agrário;

·        A reunião, alocação e despacho dos escravos se dava nos mercados das cidades, onde muitos deles também eram empregados;

·        Assim, a escravidão era o vínculo que unia cidade e campo, para o benefício da pólis;

·        O escravo era um bem móvel num mundo onde os transtornos do transporte condicionavam a estrutura de toda a economia;

·        O excedente gerado pelo trabalho cativo sustentava a riqueza e o conforto da classe urbana proprietária da Antiguidade Clássica;

·        O modo de produção escravista tem como característica a estagnação produtiva : o escravo não tem nenhum estímulo para aprimorar o seu trabalho quando não vigiado;

·        A tecnologia manual da Antiguidade era exígua e primitiva;

·        O trabalho manual era desprezado e diminuído na Antiguidade, havendo um divórcio rigoroso entre trabalho material e a esfera de liberdade;

·        Tal concepção ideológica impregnava todas as outras formas de trabalho, afetando de modo geral as forças produtivas na Antiguidade;

·        O caminho típico para a expansão era a conquista geográfica e não o avanço econômico – a cidade-Estado se reproduzia pelo povoamento e pela guerra;

·        O saque, o tributo e os escravos eram os objetos centrais do engrandecimento, tanto meios como finalidades para a expansão colonial;

·        O poder militar estava intimamente ligado ao crescimento econômico porque a principal fonte do trabalho escravo eram normalmente os prisioneiros de guerra;

·        O provimento de mão-de-obra escrava através da guerra, liberava cidadãos para formarem o exército para novas conquistas e mais escravos;

 

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