O
padre mexicano José Cárdenas Pallares é formado em Filosofia, Teologia e
Ciências Bíblicãs. Dedicou sua vida às comunidades carentes mexicanas. Foi até
mesmo capelão de um presídio. Além disso, é professor de "Antigo
Testamento". No texto a seguir, ele analisa passagens do Evangelho de
Marcos sob um ponto de vista político e social essencialmente ligados à mensagem
espiritual de Cristo.
"Jesus critica toda observância
[respeito] da lei ( ... ) que não leve à completa dedicação, que não se
comprometa com os pobres (Marcos 7,1-13; 10,21 ss). ( ... ) Por outro lado,
Jesus não apenas abraça a causa dos marginalizados, como ele próprio se marginaliza
( ... ). O tipo de vida que se cria ao redor de Jesus não admite excluídos. Os
que não têm lugar na sociedade descobrem que no projeto de Deus, feito visível
em Jesus, há lugar para eles. ( ... )
As palavras e os atos de Jesus rompem a
velha ordem de relações entre os homens (...). O que Jesus vive, anuncia e
exige não pode conciliar-se com essa velha ordem (...). Por suas palavras, por
sua esperança e por sua vida, Jesus é subversivo; não apenas questiona, mas
mina a ordem social, o mundo religioso e mental no qual necessariamente a
maioria dos homens, de fato, é considerada desprezível. (...)
Para já, é preciso que se devolva a Deus
a vinha, isto é, o povo saqueado (Marcos 12,1-12); o Templo, ou seja, uma
religião profanada pelo mercantilismo (11,15-18); o lugar da mulher como
companheira e não como escrava do homem (10,1-9); as obrigações para com os
desamparados (...); a lei a serviço completo dos famintos e necessitados
(2,23-26). (...) A entrega total a Deus exige de mim amar meu próximo como a
mim mesmo (12, 28-34) (...). O Deus de Jesus não está a serviço dos deuses
deste mundo, mas é uma exigência de igualdade e fraternidade para todos."
(PALLARES,
José Cárdenas. Um pobre chamado Jesus. Releitura do evangelho de Marcos. São
Paulo: Paulinas, 1988.)
A partir do que é
apresentado pelo autor do texto acima, procure responder:
1. Jesus pregava a aceitação da
sociedade ''tal como ela é" ou propunha também uma grande mudança na
organização social?
2. De quem o autor está falando
quando se refere aos "excluídos" e "marginalizados"?
3. O que o autor quis dizer
quando falou que Jesus "se marginaliza"?
4. Qual era o ensinamento de
Jesus a respeito da relação entre o homem e a mulher?
5. O que Jesus dizia a respeito
das ligações da religião com os grandes interesses econômicos?
6. Que tipo de leis Jesus dizia
que deveriam ser feitas?
(Extraído de "Nova História Crítica" de Mário Schmidt)
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